Há pouco mais de dois anos, passei a morar em um apartamento. Nem vou entrar no mérito da questão de que foi um choque pra mim – que sempre morei na mesma casa, que tinha quintal, varanda e jardim frontal, etc. Agora tinha que restringir minhas atividades, seguir leis de silêncio… e depender do elevador.
O prédio é bem tradicional, e os elevadores não são os mais modernos do mundo.
Tá vendo essa janelinha? É o máximo que alguém consegue ver dentro do compartimento sem abrir a porta.
Ok.
Nos anos áureos da minha infância/pré-adolescência, eu encontrei um livro na biblioteca e, por não ter nada melhor pra ler, peguei-o. Ele é tão antigo que não achei referências na internet, a não ser essa foto de um vendedor do Mercado Livre:
Faz muito tempo que li, então me permitam fazer uso da sinopse disponibilizada pelo mesmo vendedor:
Mauro e Leandro, ambos ascensoristas no edifício Império, se desentendem e, um dia, acabam brigando, entrando em luta corporal. Leandro andava nervoso nos últimos dias, o que foi comentado pelo próprio porteiro do edifício. Acabada a briga, Mauro foi para o terraço do edifício, para o intervalo do lanche. Então, dirigiu-se ao elevador. Quando a porta abriu, Leandro estava lá dentro, caído num canto... morto!" (PETRY, Zahyra de Albuquerque. Um morto no elevador. São Paulo: Pégasos, 1991).
Poderia ser mais uma leitura vespertina e juvenil, mas alguma coisa me marcou, porque desde então trago esse trauma comigo: todas manhãs, quando estou saindo pra faculdade (o dia mal amanheceu, tá aquele silêncio sepulcral…), meu coração dá um pulo de ansiedade ao abrir a porta do elevador. Sempre olho com apreensão para o chão; não consigo evitar.
A ficha só caiu na manhã de ontem, quando mais uma vez passei pelo frio na barriga e me perguntei de onde vinha isso.
Livros: modificando aspectos singulares do seu cotidiano desde o século 15.
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