Algo nele despertava piedade, e a piedade costuma ser prelúdio para o desprezo.Vocês estão sabendo que vou prestar vestibular no fim do ano. Pois bem, tenho que ler seis livros, obrigatoriamente, para fazer as provas. Um dos livros indicados é o Mãos de Cavalo, e a professora de Português resolveu começar trabalhando com ele mesmo. Ele é contemporâneo, o que agradou a maioria da sala e fez a leitura ser ágil. Eu só demorei a ler porque demorei a adquirir o livro, e enquanto a prof’s ia dando a aula, ela soltava uns spoilers, que me desmotivavam a ler. Por fim, nos últimos dias do prazo (não façam isso em casa! Procurem fazer suas tarefas e afins no dia certo!) eu embalei na leitura e não larguei mais.
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Nome: Mãos de cavalo
Autor: Daniel Galera.
Sinopse: Um garoto de dez anos, um adolescente de quinze e um cirurgião plástico entediado com o casamento. Ao retratar o protagonista de Mãos de Cavalo em três fases da vida, Daniel Galera constrói uma trama delicada sobre perda e culpa na formação de uma identidade. Esta é a história de um homem em busca de si mesmo, dividido entre um passado traumático e a possibilidade de, no futuro, conviver com uma memória em que se confundem heroísmo e covardia.
Editora: Companhia das Letras.
Não façam isso em casa, again, mas eu rabisquei meu livro todo; marquei passagens favoritas e fiz anotações de impressões pessoais e interpretações de trechos. Não sei se é por causa do vestibular que eu fiz essa leitura mais detalhada e atenta, mas posso dizer: que livro rico! Os personagens podem parecer rasos, mas só se for feita uma leitura superficial… :)
Como é dito na sinopse, vemos o mesmo personagem retratado em três fases da vida. Os capítulos são alternados entre um do personagem jovem e outro do maduro, todos na terceira pessoa, da seguinte forma: o jovem, no primeiro capítulo – e apenas aí – , tem dez anos; nos seguintes ele passa para a idade de 15 anos. O adulto tem 30. Uma coisa notável nos capítulos é que enquanto na parte jovem vemos a passagem de dias, semanas, na parte madura toda a história corre em 1 hora e 56 minutos.
Quando peguei o livro pra ler meu irmão viu a capa e disse: “Cavalo não tem mãos”. Eu, de início, fiquei assim: o.O, porque não tinha nem pensado nisto. Com o passar da leitura há a explicação do termo: Hermano – o protagonista – é chamado de Mãos de Cavalo por causa do tamanho das mesmas, daí o título do livro. Inclusive, na história, o Hermano jovem tem um grupo de amigos, onde todos têm apelidos. Engraçado que lá eles se tratam apenas por apelidos – alguns desconhecem os nomes verdadeiros dos companheiros! Entre os meus amigos não rola isso não! Apelido é realmente um segundo-nome, extraoficial…
Percebe-se que é uma leitura bem dinâmica; enquanto uma parte mostra relações e situações dentro de um contexto adolescente, o outro já é adulto; Mano está formado em Medicina, casado, com uma filha e se dirige a uma escalada na Bolívia com um amigo. Bom é que, se a parte de um está chata, logo em seguida nos situamos em uma época diferente, na qual até o personagem não é mais o mesmo; no fim, uma complementa a outra, pois durante o caminho para encontrar seu amigo, Hermano-adulto começa a resgatar memórias de sua juventude, que estão sendo narradas na mesma obra.
Assim como outros livros, só me prendi ao livro do meio pra frente. Se não fosse a tal da professora me contando o que aconteceria em seguida, acho que ficaria mais ansiosa ainda, uma vez que Daniel Galera foi deixando dicas para o leitor. Um comentário aqui, outra informação solta ali… E quem tá lendo fica: “??? E aí? Que que é isso?” e quer saber logo. Uma coisinha que não chegou a ser incômoda, mas me chamou a atenção, foi o regionalismo empregado na linguagem; o espaço predominantemente é o bairro da Esplanada, em Porto Alegre, RS. Pude notar bastante o emprego do pronome “tu” e de palavras como “guri”, e não estava acostumada.
Curti a leitura, já recomendei pra algumas pessoas e deixo a dica pra vocês!
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