Quando temos apenas dezoito a vinte anos sobre os ombros, o que é um peso ainda muito leve, desprezamos o passado, rimo-nos do presente e entregamo-nos descuidados a essa confiança cega no dia de amanhã, que é o melhor apanágio da mocidade.
Os livros do vestibular não são tão ruins, afinal. Na verdade, eu já esperava por isto, mas sempre que sou obrigada a ler algo, não gosto mesmo. Ler tem que ser por vários outros motivos, menos a obrigação. Eu, felizmente, consegui unir o prazer à obrigação, porque Memórias de Um Sargento de Milícias é muito bom, apesar do contexto histórico em que está inserido.
Nome: Memórias de um Sargento de Milícias.
Autor: Manuel Antônio Bandeira.
Sinopse: Na história de Leonardo - que gosta muito mais de se divertir do que de trabalhar - o autor faz uma irresistível e bem-humorada crônica sobre o cotidiano das classes baixas do Rio de Janeiro na época de Dom João VI.
Editora: tem váarias edições, pois já está no dominío público. A minha versão é da W. Buck.
No começo eu me senti um pouco confusa; o livro tem muitas gírias características do meio do século XIX, que junto com a linguagem da época, podem causar um nó na cabeça. Eu consegui ler me baseando nos princípios que uso para os livros em inglês: mesmo não entendendo a palavra, procuro entender o meio no qual ela está inserida; quase sempre é possível entender sem precisar recorrer a um dicionário.
O livro começa contando como o personagem título foi concebido, desde o primeiro encontro de seus pais, até seu nascimento e batizado; seus padrinhos foram a parteira e um barbeiro vizinho. O menino foi batizado com o mesmo nome do pai, Leonardo. A família vai seguindo seu rumo, até que um dia o Lernardo-pai descobre que Maria, sua mulher, está traindo-o. Coitado! Se tem uma coisa que o Leonardo não sabe fazer direito é amar. Ô homem de vida amorosa difícil!
Neste ponto a família desestrutura. Maria volta para seu país natal – Portugal – com o tal amante, e o Leonardo-pai abandona o filho, deixando-o sob a tutela de seu padrinho. O barbeiro, depois de se acostumar com a presença do pequeno, é só amores; não admite que falem mal dele, e sempre o defende quando as más línguas vêm até ele para dedurar as travessuras da criança. E o padrinho insiste na ideia de fazer seu afilhado virar padre!
A obra é, de fato, um livro de memórias. Até a última página acompanhamos acontecimentos na vida do Leonardo-filho, que não consegue de jeito nenhum levar uma existência tranquila. E o livro como um todo me lembrou novelas, porque vários conflitos aparecem em uma mesma história. A diferença é que eles vão se resolvendo, e tudo continua, uma vez que a atenção não está voltada para os fatos, e sim para o personagem e seus conhecidos.
Gostei muito do livro. Conheci um Rio de Janeiro da época do Rei, que foi muito bem descrito; os personagens não são superficiais, cada um tem lá sua particularidade; e ainda pude detectar várias gírias daquele tempo! Ah, essa foi uma das melhores partes. Imaginem que até hoje conheço pessoas interioranas que fazem uso delas!
Clássicos são clássicos, e há quem os ame e quem os odeie. Na maioria das vezes quem não gosta é porque não entendeu, e nem se deu ao trabalho. Eu gosto de ter este contato com o passado, porque sempre saio mais madura destas leituras. E este em particular se mostrou bem engraçado.
Agora é esperar pela prova do vestibular e ver se consigo me sair bem nas questões do livro... =X
Olá, passando aqui pra dar uma conferida no seu blog (está ótimo) e para lembrar que está no ar o teaser do novo capítulo de “Illegitimate”. O capítulo completo está previsto para 28/06/11. Te vejo no POET http://pagesoferasedtext.blogspot.com/ Ate mais!
ResponderExcluirEspero que consiga sim! hehehe
ResponderExcluirEu tbm tive que ler este livro, mas nao consegui terminar uahushuahsuas
É mta palavra antiga, o tempo todo eu pegava o dicionario, aí acabei por desistir ;/
Mas pretendo ainda ler.
Parabens pela resenha!
Beijos
Rapha ~Doce Encanto