Querido amigo,
Ontem conheci um garoto muito especial, Charlie. Ele é o mais novo de três filhos, perdeu o melhor amigo – que se suicidou – e tem um professor muito legal.
Quando ele começou a me escrever as cartas, deixou claro que não era a primeira vez que enfrentava a morte. Na infância, uma tia muito querida faleceu, o que desencadeou uma série de transtornos psiquiátricos. Por isso eu temia que o mesmo acontecesse depois da morte do Michael – o tal do amigo que se matou.
Bem a tempo, o garoto conheceu uns veteranos muito legais: Sam e Patrick. Fiquei chateada quando ele começou a gostar da Sam, porque sei como é amar platonicamente. Ainda bem que ela deixou claro que não poderia ficar com ele… E uma bela amizade começou.
A correspondência de Charlie durou um ano. Ele não deixou um endereço para resposta: simplesmente escreveu, certo de que eu entenderia suas angústias. A primeira carta foi escrita nas vésperas do começo das aulas no 2º grau, e ele estava com medo. Era um mundo diferente e ele, com seus 15 anos, mal sabia das coisas. Era 1991.
Acredito que ele seja bipolar: enquanto lia, passei por uma montanha-russa de emoções ao seu lado; e ele dizia ser feliz e triste ao mesmo tempo, embora ainda não entenda como pode ser assim. Charlie se move perguntando o porquê das coisas. Quem somos nós no mundo? Disseram uma vez que ele era invisível. Espero que você possa ler e descobrir o motivo.
Quanto a mim, não sei o que sou. Mas o questionamento já é um grande passo.
Para ter acesso às cartas, pergunte por aí se alguém sabe quais são As Vantagens de Ser Invisível. A única pessoa que pode te responder é o Charlie.
Com amor,
Miriam.
(este texto também é o De Volta pra Estante #63.)
Nome: As Vantagens de Ser Invisível
Autor: Stephen Chbosky.
Editora: Rocco.
Comprar: Saraiva – Leitura – FNAC.
“Eu me sinto infinito.”