segunda-feira, 24 de outubro de 2011

De volta pra estante #39: Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Talvez espante o leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto.

   Desde que li Dom Casmurro e o conto A Cartomante, fiquei louca para ler Memórias Póstumas. Tava até na minha lista de desejados! Mas, infelizmente, a professora de Português passou o filme homônimo na sala, e fui forçada a vê-lo. Ainda assim, a binha abiga Izabella me emprestou pra ler! Brigada, Begô!

   Ainda que eu já conhecesse a história, isto não me impediu nem um pouco de apreciar a leitura. Tudo bem que, em alguns momentos, poderia ter sido surpreendida pelos fatos, mas o filme não tirou toda a graça do livro.


Nome: Memórias Póstumas de Brás Cubas
Autor: Machado de Assis
Sinopse: É após a morte que Brás Cubas decide narrar suas memórias. Nesta condição, nada pode suavizar seu ponto de vista irônico e mordaz sobre uma sociedade em que as instituições se baseiam na hipocrisia. O casamento, o adultério, os comportamentos individuais e sociais não escapam à sua visão aguda e implacável, nesta obra fundamental de Machado de Assis.
Editora: várias, mas a edição que eu li era do Estadão.
Comprar: SubmarinoSaraiva - Cultura
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: Domínio Público 

   Um dos pontos altos do livro é justamente o que retrata a quote que abre o post: o defunto autor não tem papas na língua; vai nos narrando sua história, ressaltando um fato aqui, omitindo outro lá… E tendo momentos de compreensão que não lhe foram permitidos em vida.

   Assim como no livro “Os 13 Porquês” (tá, os dois não têm comparação, mas não pude deixar de comentar), o personagem principal está morto. Do lado de lá ele narra o livro como se estivesse conversando conosco, nos chamando para o texto; prevê nossas reações frente aos fatos e tenta se justificar, ou explicar melhor. Esta característica de Machado de Assis, presente também em outras obras, é o que me conquista: eu faço parte do livro. Olha lá, ele escreveu sabendo que eu ia lê-lo! –q

   Brás nasceu de uma família ‘bem de vida’ no Rio de Janeiro do século XIX. Quando criança aprontou as “diabruras” que lhes eram permitidas, e o único fato que é realçado nesta época é um episódio em 1814, quando ele se vingou de uma visita que o aborreceu. Criança é criança, né… Na escola aprendeu a ler e escrever, sempre com a sombra da palmatória pairando sobre sua cabeça.
Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um homem com ares de menino.
   O livro pode até ter sido escrito em um século passado, mas veja como ele tem traços que permanecem! Vamos combinar que tem muito menino por aí que se encaixa nesse retrato – principalmente na parte de forcejar o bigode! ^-^

   Este trecho precede a narração da primeira aventura amorosa de Brás. Ele, jovem e deslumbrado, conhece e se enamora pela mercenária “linda Marcela”. A mulher é muito mais esperta que ele, e vai enganando-o indefinidamente. Um brinco aqui, um colar ali… E assim o ‘amor’ deles era construído. Se nos dias de hoje o problema de algumas famílias é o endividamento por causa das drogas dos filhos, na casa de Cubas o problema foi os gastos destinados à Marcela, e ele teve que ser levado à força para a rehab para a Universidade de Coimbra, em Portugal. Lá, obteve conhecimentos suficientes para manter uma conversa, e o resto de seu tempo foi dedicado à boemia. Ainda assim, se formou com louvor. Seu tour pela Europa teve que ser interrompido porque sua mãe, enferma, corria o risco de morrer sem rever seu filho. Voltando ao Brasil, então, Brás frequenta a sociedade aristocrática de seu tempo, com relacionamentos conturbados. Claro que este aspecto é mais realçado por seu crítico expositor.

   Não dá pra se discutir spoilers no livro; os primeiros capítulos são sobre as circunstância da morte do autor, e um pouco do que é mostrado vai sendo explicado. Por isto, conhecemos alguns personagens já no fim da vida dele, e que vão reaparecendo depois, nos primeiro encontros. Por isto é que vou me adiantar um pouco e contar sobre Virgília: quando sua mãe morreu, Brás ficou desolado. Depois do tempo de luto necessário, seu pai lhe arranjou um casamento e um cargo político, e o filho, que estava no campo, só precisava ir à cidade e aceitá-lo. Talvez tenha sido a demora do mesmo, que estava se recuperando pela perda, que ele não alcançou seu intento. Mesmo se tornando íntimo de Virgília e sua família, Cubas a perdeu para Lobo Neves – que, de quebra, pegou também seu cargo político.

   Bom, vou deixar que os interessados leiam o livro e avancem na leitura que, a partir daí, deslancha. Recomendo mais uma vez as obras de Machado, que são interessantíssimas e muito bem construídas. Não é a toa que ele é tão discutido até hoje, coisa que não é comum a tantos escritores.

2 comentários:

  1. Oie, sempre quis ler, mas sempre tinha um milhão de livros e acaebi dando preferencia pra outros, mas acho que vou passar ele na frente de alguns.
    Beijokas
    Jeh
    http://starbucksandbooks.blogspot.com

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  2. Oi Miii
    Tudo bem?

    Sabe que lí esse livro há uns bons anos, creio que foi no ensino fundamental ainda! Pensa?
    Nem me lembro mais direito. hehe
    Mas sei que adorava ler esses livros...

    Beijos flor!
    ^^

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Agradeço o comentário!
Volte sempre! (:

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